O dia em que conheci pessoalmente Jean-Claude Van Damme!

Sempre me perguntam se eu já me encontrei pessoalmente com algum ator que já dublei. Bom, eu só conheci o Jean-Claude Van Damme (fiz alguns filmes dele). Foi o meu amigo e colega Ricardo Juarez quem conseguiu o encontro através da Rádio Transamérica, onde ele trabalhava faz alguns anos, como locutor. 


Olha, eu nem estava com vontade de ir no Copacabana Palace - hotel que ele estava hospedado para o lançamento do filme "Morte Súbita" - pra encontrar o brucutú-man belga... Poxa... o que eu ia falar pra ele? Me ajuda nesse sentido... Vamos ao quadro assustador: Eu, que odiava os filmes dele, que dublava por ter sido escolhido, mas que por mim preferia fazer até o vilão que senta o braço nele do que o próprio?? Ainda mais com essa cara de nerd e com chinelo!!! ... E olha o drama: eu estava com chinelos, pois tinha machucado o pé. Sabe chinelo COM MEIA?? Pois é... triste a imagem, traumática, diria até. 


Bom, chegando lá, dei de cara com um enorme lutador de vale tudo, de pancrácio, pugilato, sei lá, um tal de The Pedro, que também aguardava pra surrar, ehr, digo, pra conversar e conhecer o Van Damme. O cidadão era parrudaço, tinha o pescoço que se confunde com a cabeça, com queixo com furinho e as orelhas de almofadinha, típica de lutadores experientes e guerreiros (veja na ilustração). E pra piorar, ele usava um paleto felpudo verde escuro 2 números menor, com ombreiras, deixando as mangas pescando sirí, dando uma sensação de desconforto psicológico em quem conversasse com ele. Dava aquela vontade insana de puxar as mangas, pra acertar e não ficar tão curtinho. Só que até hoje eu não sei o nome da figuraça, o seu Pedro. Cheguei até a perguntar pra ele: "Você se chama THE Pedro, D. Pedro, Dê Pedro ou Depedro?" - no que fui analisado de cima a baixo (chegando até meu chinelo, com meia), com aquele olhar de desenho animado, que lança pequenas adagas ou raiozinhos. Foi nesse momento que eu até temi pela minha vida e me imaginei saindo acelerado do Copacabana Palace, à francesa. 

Quando o Van Damme entrou, fotógrafos, coisa e tal, bate papo, aí me apresentaram, como dublador dele no Brasil. A cara do Van Damme caiu. Sério, CAIU, de desapontamento. Pra te dar uma idéia, a expressão dele era a mesma de quando a gente está morrendo de fome e pergunta em casa: E aí, o que tem pra almoçar?" e a nossa mãe responde: "bife de fígado e quiabo". Pois é. Eu devo ter sido a maior decepção da vida dele. Mas vamos combinar: eu tava de óculos fundo de garrafa, cabelo desalinhado, camisa amarrotada, calça de moletom e chinelo... COM MEIA!!!!! MEEEEEIAAAAA!!! Um moleque de 20 e poucos anos dizendo, com jeito de fracote, de franguinho novo, dizendo que era a voz do Van Damme no Brasil?? 


Bom... remendei a situação, a saia curta com um papo sobre TINTIN, no que ele se mostrou muito fã, dizendo adorar o Capitão Haddock (que eu também gosto muito). Saí pela tangente quando ele perguntou se eu era fã dos filmes dele, dizendo que achava "interessante a coreografia" e no final, até que valeu a pena pela diversão. 


E pelo THE PEDRO também, claro. 


Ou seria D. Pedro??